AMENA ESCRITA II


Amena Escrita

Vês! Ou não queres ver? Ainda gostas de mim? Eu sou uma alucinação. Sou uma mentira endurecida em mim. Há em ti todos os meus receios de viver. Aquela promessa que te fiz, outrora, enquanto me olhavas nos olhos e choravas, é uma escuridão entre as promessas. Não me ames. Peço. Os nossos corpos são infundados, não ligam. Não há orgasmo em nós. Esquece-me. A minha vida é esta: a saliva de alguém que cuspiu no chão que pisas. Não sou nada. Nem a brisa do vento corre em mim. Vai, leva a tua feminilidade a outros esposos, a outro sangue. És linda! Serás feliz em outro porto, em outro corpo (para descansares a tua faina do dia). Caminha. Não olhes para trás, não estarei a ver-te partir. Eu sei que em nenhum lugar de Deus, serás tão feliz como foste no nosso lugar, mas o fogo funesto do pecado matou-o. Matou-me! Matou-te!”

(Reparem bem na escrita de um pseudoescritor, nos excertos de outras histórias e estórias que buscam em perfeição das suas. Talento. Talento. Tantos aplausos. E não escreveram nada, nem um pequeno pus… frases e mais frases feitas!).

Acendo uma nova cigarrilha e penso “Where do I go?”. A voz da Teresa já não penetra os meus ouvidos. Cansou-me (mas gosto dela!). Cansa-me ler, onde não há nada para ler. A visão já não é como era. Fugi dos livros, mas procuro neles as minhas raízes, como se fosse uma árvore no outono, seca e verde, despida, desprotegida da sua vergonha, olhada.

(Há, nos pseudoescritores um rasgar de futilidade entre todos, em qualquer superfície que seja a base da escrita, uma limpeza de ideias, que até então estava enterrada.)

Os afins que escrevem bem, não são entendidos e deixam de ser lidos!

EU sou o meu nome. Quiçá um pseudoescritor, um escritor, algo. Devo ser alguma coisa. Nem que seja uma coisa. Fui feito de pó. Nunca vou deixar de ser quem sou, talvez essa coisa. O meu estado de espírito será sempre este: Não ESCREVER!

 Eu sei que um dia vou deixar de escrever (está para breve), muito antes de morrer. Mas será nesse dia, que tudo o que escrevi fará sentido…

 

(Não haverá continuação deste texto. Têm a minha liberdade, os pseudoescritores, os escritores, e afins, de criticarem o que escrevi. Desejo-vos o tempo dos homens, a escrita dos sábios; por isso escrevam, escrevam, escrevam…)
 
AMARO FIGUEIREDO
 
photo Marlous Van Der Sloot
 

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