Ensaio sobre a solidão, de Raffiz Camargo

Minha solidão não é desacompanhada de indivíduos.
Minha solidão tem nome, pele e ouvidos.
Tem hora para chegar
e não tem hora para dormir.
Desvairada, se esparrama na cama.
Goza, se lambuza,
...
treme e amaldiçoa.
Se instala entre estalos de ossos,
ecoa absoluta.
Na sua imensidão ocre
despeja insalubridade por cada poro aberto.
Fatiga, suga, consome irresponsável,
eterniza o quase insuportável,
dilacera membranas esperançosas,
cospe no orgulho até arder.
Se derrama,
abundante.
Quando não se aguenta mais, levanta e sai.
Não olha para trás.
Bate a porta.
Me abandona em pedaços insensatos,
sem desejo de desejar,
ansioso por preencher o volume desse espaço corrompido.


 

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